Você já desejou poder levar algum objeto do museu para casa em vez de se contentar com algumas fotos? A empresa de desenvolvimento de softwares Autodesk deve lançar, na próxima semana, um software gratuito que poderia transformar essas fotos em sua réplica pessoal, com uma impressora em 3D. Chamado de Photofly, o software extrai um detalhado modelo tridimensional a partir de um conjunto de fotos sobrepostas.
“Podemos automaticamente gerar uma malha em três dimensões, partindo de uma série de fotos”, diz Brian Mathews, que comanda uma equipe na empresa conhecida como Autodesk Labs. Diferente de um scanner a laser, porém, o equipamento necessário para capturar representações tridimensionais não custa centenas de milhares de dólares. Segundo ele, um grupo sobreposto de 40 fotos já é suficiente para capturar cabeça e ombros de uma pessoa em 3D.
O software, que será disponibilizado apenas para computadores com Windows, faz o upload das fotos do usuário a um servidor 'na nuvem’, para processá-las, e depois faz o download dos resultados. A renderização em 3D pode ser visualizada como um modelo básico, com a armação de fios da cena capturada ou uma versão realista, com cores e texturas. Os modelos coloridos também podem ser compartilhados para visualização num aplicativo do iPad, enquanto o modelo básico pode ser exportado em formatos padronizados de 3D para edição.
Segundo Mathews, modelos produzidos com um conjunto bem tirado de fotos serão espacialmente precisos, com margem de erro inferior a 1 por cento – qualidade suficiente para uso em projetos profissionais de design. “Você pode enviar o modelo a um serviço de impressão em 3D para recriar fisicamente o que viu, talvez em diferentes escalas”, explicou Mathews. Nos últimos anos, o custo das impressoras 3D e desses serviços de impressão caiu bastante, com máquinas amadoras (como a MakerBot) e serviços ao consumidor (como a ShapeWays) imprimindo modelos 3D numa variedade de cerâmicas, plásticos e metais.
O produto da Autodesk é o primeiro software ao consumidor capaz de produzir modelos precisos o bastante para impressões em 3D, diz Mathews. Projetos similares, como o PhotoSynth, da Microsoft Research, e um aplicativo para celular – baseado na mesma tecnologia – que permite a conversão de fotos em modelos tridimensionais, só capturam dados 3D com qualidade para adicionar uma dimensão extra ao conteúdo das fotos, segundo Mathews. O mesmo aconteceu a uma versão anterior do Photofly. “Gerar uma geometria precisa a partir do que vemos nas fotos é muito mais empolgante”, diz ele.
O Photofly executa diversos passos para obter um modelo preciso a partir da coleção de fotos. Primeiro, ele calcula a posição em que cada foto foi tirada, triangulando com base nos diferentes ângulos de certos traços distintivos. Assim que as posições da câmera foram determinadas, o software atravessa uma segunda rodada de triangulação, ainda mais detalhada, usando ângulos contrastantes para gerar uma detalhada superfície tridimensional de tudo o que aparece.